Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
18 de Abril de 2024

O menino de 10 anos

há 8 anos

O menino de 10 anos

(*) Humberto Gouvêa Figueiredo

Aquele menino de 10 anos não tinha um nome, era uma criança abandonada no mundo... Mas passou a ser chamado, conhecido e reconhecido pelo nome e sobrenome: Ítalo Ferreira de Jesus Siqueira.

Aqueles menino de 10 anos também não tinha uma Mãe presente, aliás, ele fora criado pela avó, pois sua genitora nunca tinha de fato exercido seu papel: já tinha inclusive sido presa e cumprido pena. Mas agora, de uma hora para outra, Cintia Ferreira Francelino se transformou na "Super Mãe", aquela que sabe detalhes imperceptíveis da vida de um filho... Já pode até dar aulas de "maternidade responsável"!

Aquele menino de 10 anos não tinha quem olhava pelos seus direitos: já tinha praticado várias condutas antissociais, já tinha sido recolhido a abrigos e fugido, não estava na escola, estava desprotegido e, literalmente, "jogado no mundo": mas também, como num passe de mágica, ganhou defensores, advogados, membros de Conselhos que dizem defender direitos, autoridades públicas, políticos e mais um tanto de gente que se aproveita dos holofotes, não para falar de pessoas, mas para "levantar bandeiras", para defender ideologias.

Aquele menino de 10 anos não tinha culpados para justificar o caos que era sua vida e a invisibilidade perante a sociedade: mas, nos poucos minutos que durou a perseguição, a troca de tiros e sua morte em confronto com a Polícia, ele conseguiu o que lhe faltava. Serão os policiais militares que atuaram na ocorrência que serão (já estão sendo) os responsáveis por Ítalo ter a sua história concluída de forma tão trágica.

Não foram os policiais militares que trouxeram Ítalo ao mundo, nem o abandonaram à própria sorte; também não foram os responsáveis por ele não estar na Escola, nem por inseri-lo no mundo do crime: a culpa dos PM é a de fazerem parte do braço do Estado que mais tangência e interage com o situação de falência e degradação em que se encontra a sociedade brasileira.

Será esta mais uma oportunidade para, simplisticamente, acusar a Polícia Militar, ofender todos os seus integrantes e, gananciosamente, brigar na Justiça por uma indenização milionária.

Até que venham outros Ítalos...

(*) é coronel da Polícia Militar e comandante do policiamento na região de Ribeirão Preto

  • Sobre o autor@profelmo
  • Publicações222
  • Seguidores451
Detalhes da publicação
  • Tipo do documentoNotícia
  • Visualizações801
De onde vêm as informações do Jusbrasil?
Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/o-menino-de-10-anos/346010567

5 Comentários

Faça um comentário construtivo para esse documento.

Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)

É mais uma tentativa covarde de manchar a imagem da já desgastada Polícia Militar. Busca-se, a todo custo, acabar com ela, como se isso fosse resolver algo; é que a PM é, ainda, um dos poucos órgãos que tenta manter a ordem neste país.
São 60 mil homicídios por ano, vivemos em uma guerra civil e maioria não dá a sua cara a tapa. Os poucos que dão são ridicularizados e têm sua imagem manchada. Vai entender?! continuar lendo

Hyago, concordo com você a reflexão, não sobre o que seja certo ou errado. Mas para que possamos analisar o Caos Social em que vivemos e gerarmos as discussões com senso crítico, sem se deixar levar pelo sensacionalismo barato, vendido e tomado como verdade pela imprensa e pela sociedade desinformada ( continuar lendo

A polícia e a advocacia não podem ser rivais, talvez as duas profissões mais essenciais ao estado democrático de direito. Numa troca de tiros, numa perseguição, num atentado a inocentes, havendo a necessidade de atirar contra o sujeito, deve-se atirar.

Nessa guerra contra o tráfico de drogas, muitos, mas muitos mesmo, perdem suas vidas de graça, por essa ideia ultrapassada que as drogas hoje ilícitas devem ser combatidas. Recebem baixos salários, não tem suas vitórias reconhecidas por deveria reconhecer (seus superiores no próprio poder Executivo) e morrem, sendo esquecidos.

Sempre lembrando que o verdadeiro traficante, o banido perigoso, quem manda nisso tudo, não troca tiro com a polícia, não tá na boca ou na quebrada, mas conhece muito bem a Europa.

Contudo, o que devemos repudiar é o abuso de autoridade, as morte sumárias e desnecessárias. A violência não é culpa dos policiais, dos defensores dos direitos humanos, da advocacia, ou do Judiciário, é exclusivamente do Executivo e Legislativo, que só estão onde estão por interessa particular.

O inimigo não é a policia, o menor ou o Estado, são os políticos que atuam somente pelos seus interesses e de seus financiadores, de fora ou de dentro da fronteira. continuar lendo

Aphonso, excelente reflexão. Obrigado pela oportunidade. continuar lendo

Herói ou vilão?
De antemão quero deixar claro que minha intenção, com o comentário a seguir, é apenas mostrar minha interpretação dos fatos e não tem nenhum intuito (e nunca terá), de atribuir má-fama ou difamar, os policias envolvidos no caso supracitado ou a PM como um todo, similarmente dizer que respeito a instituição e seus profissionais e que seus serviços prestados à sociedade são imprescindíveis para a existência do convívio social.
É um habito em nossa sociedade dizer coisas como, “quem faz critica a conduta da polícia é porque defende bandido”, sugerindo que a corporação e seus profissionais estariam acima do bem e do mal, exercendo condutas irrepreensíveis e tomado decisões inquestionáveis, sendo seu comportamento quase um dogma social.
Data vênia, a natureza humana é falha, as pessoas são passiveis a erros, e a Policia Militar é formada por pessoas, e pessoas que são representantes do Estado, embora poucos deles tenham essa visão. São funcionários públicos, sendo que nós, através de impostos, pagamos seus salários, ainda que mal remunerados (e nós também somos), pagamos pela proteção, que nem sempre nos protege e por isso temos o direito e o dever de cobra-los.
A polícia brasileira infelizmente vai de mal a pior, é de notório saber que a PM possui policias despreparados psicologicamente, para realização de suas funções e que ao menor sinal de perigo, não hesitam em puxar o gatilho, seja contra criança, contra idoso ou qualquer outro vulnerável. Posso também dizer da corrupção que esta entrelaçado na PM, assim como vemos nos filmes de enorme bilheteria. Ao meu ver a polícia divide a mesma fama da política brasileira, todavia nem todo policial possui esta qualidade assim como nem todo político é desonesto.
Muitos dos senhores que estão lendo agora, podem achar que neste caso da criança, o policial tenha agido em legitima defesa (afinal crianças também praticam injusta agressão), embora é aconselhável o uso de legitima defesa defensiva contra criança, é possível que isso realmente tenha acontecido, mas se um policial não consegue agir, por medo ou por despreparo, e ceifa a vida de uma criança de 10 anos e ouço “a polícia fez o que tinha que fazer, pois ele tinha maus reincidentes”, fico preocupado e começo a sentir receio ao ver que pessoas pensem que uma criança não possa ser reeducada para o convívio social, deixando claro a incredulidade que possuem em relação as instituições sociais e estatais existentes.
Se analisarmos casos pretéritos, recordaremos de um caso recente, como o do advogado, em exercício de sua função, morto por policiais militares, em Palhoça/SC, crime descrito como “crime contra a democracia e a justiça”, segundo a ordem dos advogados. Existem tantos outros casos, não mencionados aqui, de disparo acidental que deixa obvio a inaptidão de manusear uma arma de fogo.
Concluo que o despreparo é evidente e devemos sim questiona-los arduamente, pois, sua finalidade é proteger e servir a sociedade, não de oferecer risco a ela. Quero parafrasear para terminar, uma frase sempre dita por meu pai, que vejo identificação a qualquer profissão, mas a de policial principalmente, ele diz: “Se você não quer ser criticado, questionado, pressionado fique em sua cama o resto do dia” continuar lendo